Piercings na língua, lábios ou bochechas chamam a atenção por seu aspecto estético e expressivo. Contudo, essa prática traz alguns riscos que precisam ser avaliados com seriedade para garantir a saúde bucal e sistêmica.
Ao perfurar a língua, o lábio ou outras áreas da boca, o corpo passa por um processo de cicatrização que, por si só, já aumenta a vulnerabilidade a infecções. Além disso, a cavidade oral é naturalmente repleta de bactérias, o que potencializa os riscos.
Riscos mais comuns
Danos aos dentes e gengivas
Estudos mostram que até 50% dos indivíduos com piercing labial apresentam recessão gengival, e 44% dos com piercing na língua também têm esse problema. Danos ao esmalte, como fissuras e fraturas, são frequentes, especialmente em pessoas que mordem ou brincam com a jóia.
Interferência na higiene e saúde bucal
A jóia facilita o acúmulo de placa bacteriana e cálculo, além de atrapalhar a limpeza adequada, aumentando o risco de cáries e problemas periodontais. Estudos apontam pior saúde gengival e mais falhas dentárias em portadores de piercings.
Outras complicações
Além dos riscos anteriores, o piercing pode causar inchaço que compromete a respiração, reações alérgicas ao metal, hematomas, dificuldades para engolir, falar ou sentir o paladar, e até obstrução de raios-x.
Ignorância sobre os riscos
Uma parcela significativa das pessoas com piercings orais não conhece os potenciais impactos: 46,8% desconhecem os riscos gerais; 70,6%, os riscos gengivais; e 60,4%, os efeitos dentais
Um estudo controlado demonstrou alta correlação entre piercings na língua e aumento de fissuras no esmalte, fraturas dentárias e recessão gengival, especialmente na parte lingual dos incisivos inferiores. Outra revisão sistemática aponta que portadores de piercing têm o dobro de chances de apresentar danos dentários comparado a quem não tem.
Como evitar os riscos?
Se você, ainda assim, optar por colocar um piercing bucal (ou já possui), alguns cuidados podem diminuir os riscos:
Procure um estúdio profissional, que use agulhas descartáveis e jóias de alta qualidade (aço cirúrgico, titânio, ouro).
Adote higiene rigorosa com enxaguantes sem álcool, evite fumar, misturar saliva com outras pessoas, e reduza o contato com temperos fortes, especialmente durante a cicatrização.
Realizar consultas regulares ao dentista para monitorar possíveis danos.
Em caso de dor intensa, inchaço anormal ou secreção, procurar atendimento odontológico imediatamente.
O piercing na boca e na língua pode parecer apenas uma questão estética, mas envolve riscos sérios para a saúde bucal e até para a saúde geral. Embora seja possível conviver com a jóia desde que haja cuidados adequados, é fundamental estar ciente das consequências e consultar sempre um dentista antes e depois de colocar o piercing.
Assim, a decisão de usar um piercing bucal deve ser feita com responsabilidade, equilibrando estilo e segurança.