Endodontia: pode ou não atender uma paciente gestante? Entenda!

As gestantes são consideradas pacientes com necessidades especiais

As gestantes são consideradas pacientes com necessidades especiais, uma vez que é preciso ter atenção aos procedimentos, às prescrições e também em relação à analgesia que deve ser evitada durante a gestação.

Uma revisão da literatura associada a uma série de casos clínicos do projeto de extensão Atenção Odontológica Materno-infantil da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas traz informações importantes para a condução de tratamentos em gestantes.

É certo que há um tabu muito grande em relação ao tratamento destas pacientes, principalmente pelo exame de raio-x que normalmente se faz necessário, além das dúvidas em relação aos medicamentos que podem ou não ser prescritos e à analgesia.

Durante a gestação, as alterações hormonais, os constantes enjoos e os vômitos, podem ter efeitos negativos na saúde bucal da gestante, causando inflamações pulpares e por consequência dores e incômodo para a paciente que sem fazer o tratamento oral adequado, pode afetar tanto a gestante quanto o bebê.

O Raio-X

Em relação ao Raio-X, há estudos que sugerem que cada exame intra oral periapical e interproximal tem a possibilidade de induzir câncer fatal ou problemas de saúde hereditários graves, estimado em aproximadamente 1 a cada 10 milhões. Já nas radiografias panorâmicas digitais extra orais o risco é de um em um milhão. Deve-se usar o mínimo possível desses recursos, mas havendo a necessidade, pode-se solicitar tais exames, observando-se o uso adequado das proteções necessárias.

Atualmente o localizador apical eletrônico é uma alternativa para tratamentos endodônticos que podem evitar o uso de radiografia.

Analgesia

Quanto à analgesia local, a classificação do Food and Drug Administration (FDA) pode ser um guia, com a utilização de medicamentos de classe B que não representam riscos para o feto, uma vez que os classe C já mostram efeitos adversos.

A principal sugestão para este momento é o uso da lidocaína a 2%, classe B, associada à vasoconstritores em dose reduzida e aplicados lentamente, além de ter atenção à aspiração negativa a fim de evitar que os anestésicos não sejam injetados nos vasos sanguíneos.

Prescrição de medicamentos

Tratamentos endodônticos possuem baixo risco de bacteremia, entre 29,4% e 31%, porém os riscos aumentam para quase 100% caso a anestesia seja realizada com injeção intraligamentar. Para evitar tais riscos, sugere-se uma boa higiene oral e bochecho com clorexidina antes dos procedimentos, para diminuir as bactérias na cavidade bucal da gestante a fim de evitar a prescrição de antibióticos.

Para a dor sistêmica é possível prescrever paracetamol 500mg ou 750mg a cada 6 horas, porém, este medicamento é recomendado para tratamento de curto período. No caso de antibióticos, amoxicilina ou cefalosporina caso haja febre acima de 37,8ºC. Não é aconselhável o uso de antiinflamatórios.

Conclusão

A gestação é uma fase sensível para a saúde da mulher e a falta de cuidados durante esse período pode trazer consequências negativas tanto para a mulher quanto para o seu bebê, portanto, tomando os devidos cuidados e tendo em mente estudos sobre a utilização de medicamentos, analgesia e raio-x é possível fazer o tratamento.